Porto do Itaqui projeta mais de 13 milhões de T de...

Publicada em: 10.03.2021

Porto do Itaqui projeta mais de 13 milhões de T de grãos em 2021

Por Leticia Pakulski (Agência Estado)

São Paulo - O Porto do Itaqui (MA), líder no Arco Norte em exportação de soja e segundo maior da região em embarques de milho, prevê superar neste ano a marca de 13 milhões de toneladas movimentadas desses grãos e de farelo de soja, afirma o presidente do porto, Ted Lago, em entrevista ao Broadcast Agro. Tal volume ultrapassaria os 12,1 milhões de toneladas de 2020 - total já 8,5% superior ao do ano anterior.

O aumento da movimentação esperado nos dois terminais que fazem exportação de grãos em Itaqui, o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) e o Terminal Portuário São Luís (TP São Luís), e o crescimento previsto para a produção agrícola na área atendida pelo porto - Matopiba e Centro-Oeste - devem contribuir para o melhor resultado, segundo o executivo.

Só o Tegram movimentou, em 2020, 7,6 milhões de toneladas, sendo 6,3 milhões de toneladas de soja e 1,3 milhão de toneladas de milho, segundo Lago. A expectativa para este ano, conforme o representante, é alcançar entre 8 milhões e 8,2 milhões de toneladas. O Tegram é administrado pelo consórcio de mesmo nome, formado pelas empresas Terminal Corredor Norte (ligada à trading NovaAgri, com participação da CHS), Glencore Serviços (da trading Glencore), Corredor Logística e Infraestrutura (adquirido pela gestora de private equity IG4 da trading CGG) e ALZ Terminais Portuários (das tradings Amaggi, Louis Dreyfus e Zen-Noh Grain).

Já o Terminal Portuário São Luís, operado pela VLI, movimentou no ano passado 4,5 milhões de toneladas, sendo metade soja e metade milho, conforme Lago. Para este ano, a expectativa é de crescimento em torno de 10%.

Conforme Lago, as previsões repassadas pelos terminais costumam ser “conservadoras”, podendo ser superadas ao longo do ano, dependendo do volume de produção e das condições do mercado. O representante diz que, após os primeiros cinco anos do Tegram - quando ocorreu um salto de movimentação, com a absorção de cargas que antes seguiam para o Sul e Sudeste, a tendência é de que o aumento dos volumes a partir de agora acompanhe o crescimento de produção da região de atração de cargas do porto.

O Tegram espera atingir a sua capacidade total, de 15 milhões de toneladas por ano, por volta de 2025. Esta capacidade já está instalada desde setembro do ano passado, quando a obra de ampliação para a segunda fase do terminal foi concluída. “A tendência é um crescimento mais moderado e talvez possamos pensar, durante essa caminhada, em possíveis expansões necessárias para grãos.”

Segundo Lago, o porto tem áreas disponíveis para uma possível terceira fase do Tegram se o mercado assim o demandar. Já o TP São Luís, que também opera outras cargas - ferro gusa e minério de manganês -, tem capacidade para até 5 milhões de toneladas de grãos por ano, conforme Lago.

Preparação

Para receber a safra 2020/21 de soja que deve chegar ao porto em breve, a Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP) requalificou o asfalto e o concreto de vias - ruas e avenidas internas -, pátios e rampas do porto para aguentar o peso do tráfego de carretas de até 60 toneladas. Atualmente, metade das cargas chega a Itaqui por caminhão e a outra metade por trem, informa Lago.

O porto tem conexão ferroviária direta com a Estrada de Ferro Carajás e a Transnordestina, além de uma conexão indireta com a Ferrovia Norte-Sul, que se liga à Estada de Ferro Carajás em Açailândia (MA). Já o acesso rodoviário se dá pelas BRs 135 e 222, que se conectam a outras rodovias federais e estaduais.

Itaqui também ganhou novas áreas de apoio logístico com pátios para veículos. “Já temos um pátio dentro do porto, mas agora há três novas áreas construídas pela iniciativa privada, com serviços, atendimento e agendamento, e os caminhões utilizam esses pátios ao longo do acesso ao porto”, diz Lago. “Além das condições de serviço, eles também fazem o agendamento com os terminais do porto, então temos mais capacidade de receber caminhões no complexo.”

No pico da safra, o presidente do porto acredita que o volume embarcado por mês poderá superar 2 milhões de toneladas. O grosso da carga a ser recebida de soja vem do Matopiba e de milho de Mato Grosso, segundo Lago. “As cargas que recebemos até agora no ano são de Mato Grosso. A nossa safra (do Maranhão) deve começar a chegar no começo de março”, afirma.

Conforme Lago, a safra deste ano atrasou, mas as projeções de colheita são animadoras. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja do Norte e Nordeste deve crescer 2%, para 19,101 milhões de toneladas, enquanto a safrinha de milho de Mato Grosso deve aumentar 3,3%, para 35,763 milhões de toneladas.

Aposta na ferrovia

Para aumentar a entrada e saída de cargas por ferrovia nos próximos anos, um dos projetos é a construção de uma pera ferroviária, nome dado a uma estrutura circular que permite o transbordo da carga sem desmembrar o trem. “Esse projeto pode ser feito por fases, de acordo com a necessidade”, diz Lago.

O projeto básico foi aprovado com licença prévia e agora está na fase de modelagem, com discussões com o Ministério da Infraestrutura, conforme o representante. A expectativa é de que essa fase possa ser concluída até o fim do primeiro semestre. “Talvez no segundo semestre tenhamos algo mais definitivo para fazer o lançamento de algum edital ou de uma proposta de manifestação de interesse”, afirma.

Contato: leticia.pakulski@estadao.com