Ted Lago destaca investimentos para o Porto do Ita...

Publicada em: 24.08.2015

Ted Lago destaca investimentos para o Porto do Itaqui

Em oito meses de gestão, a Empresa Maranhense de Administração Portuária conquista resultados cada vez mais expressivos para o Porto do Itaqui e para o desenvolvimento do Maranhão, com recordes históricos de movimentação de cargas e balanços financeiros.
O presidente da Emap, Ted Lago, explica que hoje a empresa está focada em investimentos capazes de melhorar a eficiência, a produtividade e a segurança das operações, gerando um impacto direto no custo logístico das mercadorias que passam pelo Porto do Itaqui.
"Este é um ponto fundamental, pois posiciona o Maranhão de forma cada vez mais estratégica no escoamento da safra de uma fronteira agrícola importante e em expansão", afirma Ted Lago, nesta entrevista:

Jornal Pequeno – Quais os problemas mais graves que o senhor encontrou ao assumir o comando da empresa?
Ted Lago – O maior desafio foi promover as mudanças necessárias sem que isso impactasse negativamente as operações e, consequentemente, os resultados. Encontramos um quadro preocupante, com geração negativa de caixa, e iniciamos a implementação de ações necessárias para que se revertesse esse quadro.
Isso foi possível graças ao apoio do governador Flávio Dino e ao compromisso da nossa equipe de colaboradores ao compreender rapidamente que o resultado de uma empresa é a soma das ações individuais. Eliminamos o que consumia recursos e não devolvia resultado para a empresa, buscamos melhoria nos processos, dando mais celeridade, reduzimos custos e tudo isso amplia a capacidade de novos investimentos.

JP – Foram amplamente divulgados os resultados financeiros obtidos pelo Porto em sua gestão. A geração de lucro passou então a ser o objetivo da empresa?
Ted Lago – É preciso desmistificar essa questão do lucro. Uma empresa é lucrativa quando cumpre seus objetivos e função na sociedade, gerando e investindo recursos de forma sustentável. É como acontece na vida financeira das pessoas. Quem gasta mais do que ganha, acaba tornando sua vida financeira insustentável e em algum momento estará no vermelho.
O objetivo da Emap é desempenhar com êxito sua função de autoridade portuária e, para atingir essa finalidade, precisa garantir o uso responsável de suas finanças, gerar lucro a ser reinvestido na infraestrutura e na melhoria contínua de seus processos, criando um círculo virtuoso de crescimento e desenvolvimento. O lucro por si, não é único fim. Ele é um indicador de que estamos desempenhando com eficiência nosso papel, mas por trás desse resultado financeiro estão os empregos direta e indiretamente gerados e a movimentação da economia do estado e do país.

JP – Mas hoje há um saldo de caixa suficiente?
Ted Lago – Hoje, depois das ações de saneamento financeiro implementadas, ampliamos consideravelmente os resultados na operação, a lucratividade é uma consequência. Apesar disso, é preciso lembrar que o nosso saldo de caixa é limitado frente às necessidades de investimento da atividade portuária.
Os investimentos para a expansão da infraestrutura portuária giram em torno de centenas de milhões de reais. A construção de um novo berço de atracação de navios, por exemplo, custa algo em torno de R$ 250 milhões. O objetivo da Emap não é apenas gerar lucro financeiro. Seguindo a lógica da sustentabilidade, queremos gerar riqueza econômica garantindo a dimensão ambiental e contribuindo na promoção do desenvolvimento social.

JP – Quais os números da movimentação de cargas?
Ted Lago – De janeiro a julho deste ano a Emap registrou movimentação de 12,2 milhões de toneladas de carga no Porto do Itaqui, índice 25% maior em relação ao mesmo período de 2014. Houve crescimento de 47% nas receitas e redução de 40% em despesas operacionais. O recorde operacional elevou a lucratividade em 1800%, neste primeiro semestre no comparativo com 2014. A marca atingida só no mês de maio é recorde histórico para um único mês de operações no Porto do Itaqui, com 2,09 milhões de toneladas de carga movimentada.

JP – Qual o principal foco da empresa diante da atual conjuntura?
Ted Lago – Estamos focando em investimentos capazes de melhorar a eficiência, a produtividade e a segurança das operações, gerando um impacto direto no custo logístico das mercadorias que passam pelo porto. Esse é um ponto fundamental, pois posiciona o Maranhão de forma cada vez mais estratégica no escoamento da safra de uma fronteira agrícola importante e em expansão.
O Porto do Itaqui é um dos elos de um importante complexo logístico. São 1.800 quilômetros de ferrovia que servem principalmente aos estados do Maranhão, Pará, Tocantins, Goiás e Mato Grosso. Além disso, há toda a malha rodoviária que conectada ao modal ferroviário e ao Porto transformam o nosso estado em um importante canal de entrada e saída de mercadorias.
Melhorias nos ramais rodoviários estão sendo implementadas pelo Governo do Estado, como a pavimentação asfáltica do anel da soja, no sul do Maranhão, e pleitos junto ao governo federal na recuperação da BR-222, e outras rodovias importantes do estado.
Na parte de infraestrutura do porto, voltamos o foco para a área primária, priorizando pavimentação, sinalização e iluminação, recuperação de berços e vias de acessos, além da dragagem de aprofundamento. Outro importante ponto de atenção tem sido a segurança das pessoas. Estamos provendo estrutura e equipamentos que garantam a prevenção e resposta de acidentes e capacitando funcionários e parceiros na cultura da segurança.

JP – Quais os efeitos da recente dragagem feita no canal de acesso ao Porto?
Ted Lago – O processo de dragagem para aprofundamento de berços e alargamento do canal de acesso foi fundamental para aumentar a segurança das operações e também a possibilidade de recebermos navios de maior porte, gerando mais capacidade e mais produtividade de cargas e contribuindo para diminuir as filas. Com a dragagem realizada neste ano o Itaqui afirmou-se como o primeiro porto público em profundidade do Brasil.

JP – Como esses resultados positivos do Porto podem impactar na área social?
Ted Lago – Responsabilidade social é um valor tanto para a gestão estadual quanto para a gestão do Porto do Itaqui. Há várias frentes de trabalho nessa direção. A primeira delas é fazer o Porto funcionar bem, de maneira segura e eficiente, impulsionando o desenvolvimento do estado. Depois, vem toda a geração de empregos e movimentação da roda da economia, como já mencionei e, além disso, nossas ações de relacionamento comunitário.
Elegemos como foco as comunidades que estão próximas, como por exemplo o Cujupe. Administramos os terminais de ferryboat e temos dado muita atenção para esse serviço que é de grande relevância social e precisa melhorar muito.
Em 2014 foram 1.771.341 passageiros e mais de 300 mil veículos transportados. Encontramos uma relação confusa, sem a devida regulamentação e com uma qualidade de atendimento deixando muito a desejar. Temos o desafio de reconstruir os terminais e faremos isso incluindo as pessoas e as comunidades que deles dependem.

JP – O que de fato vem sendo feito nos terminais da Ponta da Espera?
Ted Lago – Primeiro é preciso entender os diferentes atores envolvidos nesse serviço e o papel de cada um deles. Como autoridade portuária a Emap é responsável pela administração, segurança e infraestrutura dos terminais. A questão relativa à concessão do serviço para as empresas que operam os ferryboats fica a cargo da MOB – Agência Estadual de Transporte e Mobilidade Urbana, responsável pela regulamentação do serviço, o que inclui a licitação prevista para breve.
Da nossa parte, temos investido na segurança e bem estar dos usuários. Um exemplo disso é instalação de uma sala de informações que funciona 12 horas por dia, inclusive nos fins de semana, para atendimento presencial, esclarecendo dúvidas, as intervenções visando melhorias estruturais, a chegada de um posto do Juizado da Infância e Juventude no Terminal da Ponta da Espera, que também ganhou um sistema de TV com horários de chegada e partida dos ferries. O atraso médio caiu de 15 para 3 minutos.

JP – E o Terminal do Cujupe?
Ted Lago – O Terminal do Cujupe recebeu melhorias pontuais enquanto é finalizado o projeto de construção de um novo terminal, em fase final de licitação da obra. O novo Cujupe terá salas de atendimento, banheiros e boxes de comercialização de produtos. Estamos capacitando as pessoas da comunidade que já vendem produtos na área do terminal para incluí-los no novo projeto.

JP – Como está sendo feita a operação do Terminal de Grãos?
Ted Lago – O Tegram é um projeto estratégico para o Maranhão e para o mundo e foi concebido na gestão do governador José Reinaldo como uma parceria entre a iniciativa privada e o setor público. Construído por um consórcio de empresas, foi viabilizado com financiamento do BNDES e está situado em uma área arrendada no Porto do Itaqui. Mais de 1,8 milhões de tonelada de soja já foram embarcadas para Ásia, Europa e Oriente Médio só nos quatro primeiros meses de operação.
Na fase de construção foram gerados 1600 empregos diretos e na etapa de operação 420 diretos e 200 indiretos. Nesta primeira fase são quatro armazéns com capacidade estática total de 500 mil toneladas de grão cada, possibilitando a exportação de 5 milhões de toneladas ano. Na segunda etapa do projeto é esperado que esse número dobre, chegando a 10 milhões de toneladas/ano. Foram investidos 600 milhões de reais, havendo a previsão de mais 400 milhões de investimentos em estrutura complementar.

JP – Qual sua visão sobre a ideia apresentada recentemente pelo deputado José Reinaldo Tavares, propondo o que seria o "Super" Porto do Itaqui, para ser o parceiro concentrador de carga do Brasil para o Canal do Panamá?
Ted Lago – Esse é um aspecto importante que está alinhado com a política de desenvolvimento implementada pelo governador Flávio Dino. Entre os eixos estratégicos para os próximos anos, temos o adensamento da cadeia de proteína, agregando valor aos grãos produzidos no Maranhão e na região do MATOPIBA, na forma de proteína animal. Temos também o eixo transformando o Porto do Itaqui e, por consequência o Maranhão, em um "hub", ou ponto de transferência de cargas, entre o Corredor Centro Norte e os grandes mercados mundiais, como Europa, América do Norte e Ásia.
A região possui uma das últimas fronteiras agrícolas do mundo com o potencial de 2 milhões de hectares, além de uma população superior a 27 milhões de habitantes. O Porto do Itaqui tem características para ser o ponto de entrada e saída de mercadorias e produtos. Com a conclusão das obras de expansão do canal do Panamá, prevista para os próximos meses, somos o primeiro porto de quem "chega" e o último porto de quem "vai" para os mercados asiáticos, com a capacidade de atender os navios de maior porte.

JP – Quais seriam os investimentos necessários para concretizar este "Super" Porto do Itaqui?
Ted Lago – Infraestrutura! Apesar de suas características e posição geográfica, o porto do Itaqui, devido à grande utilização dos seus berços, já vem operando acima de 90% em alguns berços. A diversidade de cargas, por sermos um porto público, demanda a necessidade de ampliação de nossa linha de berços. Nos próximos dias teremos a conclusão das obras civis do berço 108, também para graneis líquidos, que quando totalmente concluído elevará a capacidade em 40% de movimentação desse tipo de carga.
No caso de grãos, o Tegram e o berço 105 atenderão as demandas dos próximos anos. Nosso grande desafio está na carga geral e em outros graneis sólidos. Para isso, contamos com dois novos projetos contemplados pelo Programa de Investimentos em Logísitca (PIL) do Governo Federal, com R$ 509 milhões para dois terminais, um de celulose e outro de graneis minerais (basicamente fertilizantes).
Quando concluídos, esses terminais irão gerar um aumento de 30% no volume de carga movimentada. Somos atendidos por uma malha ferroviária altamente eficiente e produtiva. Precisamos melhorar os ramais de acesso ao porto. Além de tudo isso, também precisamos melhorar e ampliar a malha rodoviária, interligando a região e as produtoras ao porto.
Para que tudo isso se transforme em realidade estamos trabalhando de forma conjunta com o Governo do Estado, o Governo Federal, investidores privados, empresas e governos de outros países que já entendem a importância presente e futura do nosso porto para a economia mundial.
Compartilho a visão do governador Flávio Dino de que o Maranhão terá um lugar de destaque na produção de alimento para o mundo. Nosso trabalho à frente do Porto do Itaqui é contribuir para que essa visão se torne realidade de maneira sustentável e inclusiva, transformando nossos números em empregos e qualidade de vida aos maranhenses.

Fonte: Jornal Pequeno